Publicado em 26/02/2024
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Algumas startups do setor da construção civil têm um sonho antigo: transformar o canteiro de obras em algo semelhante a um tabuleiro de peças, assemelhando-se a uma brincadeira com blocos de Lego. Com a produção de módulos elétricos e hidráulicos em fábricas, as construções tornam-se mais ágeis e exigem menos mão de obra especializada, uma tendência que está ganhando espaço no mundo todo, inclusive no Brasil, conquistando uma parcela significativa de um mercado avaliado em trilhões.
O Do Zero Ao Topo, plataforma de empreendedorismo do InfoMoney, realizou uma análise sobre o mercado global e nacional da moradia modular e pré-fabricada, consultando especialistas e dialogando com duas startups brasileiras que atuam nesse segmento. Uma construtora brasileira, por exemplo, está apostando na expansão da moradia modular para aqueles que buscam alugar um apartamento.
No entanto, essas startups enfrentam desafios consideráveis. Desde a necessidade de uma gestão e execução precisas até a aceitação das empresas tradicionais do setor da construção civil.
A construção civil lida com cifras expressivas. Em 2019, o mercado foi avaliado em US$ 12,8 trilhões pela The Business Research Company. Para conquistar uma parte desse mercado, a moradia modular e pré-fabricada surge como uma promessa de eficiência. A produção industrial de módulos para a construção de propriedades visa obter economia de escala e cumprir prazos menores de entrega. Esses blocos são particularmente úteis para partes da obra com design repetitivo e para projetos com cronogramas apertados, como escolas e hospitais.
Além disso, a construção fora do canteiro de obras reduz o impacto das mudanças climáticas e a dependência de mão de obra especializada. Segundo a consultoria McKinsey, a construção offsite tem potencial para aumentar a produtividade de cinco a dez vezes em comparação com o método tradicional de construção.
O mercado de moradia modular e pré-fabricada foi avaliado em mais de US$ 129 bilhões em 2019 pela Global Market Insights. As construções em blocos devem crescer a uma taxa anual de 7,1% entre 2020 e 2026, ultrapassando US$ 174 bilhões no final do período. As razões para esse crescimento incluem a industrialização, a urbanização, o crescimento populacional (principalmente em países emergentes) e a demanda por edifícios mais sustentáveis (principalmente em países desenvolvidos).
No Brasil, uma das startups que investe na construção modular é a Ambar, fundada em 2013. O objetivo é oferecer moradias acessíveis e reduzir o déficit habitacional estimado em 5,876 milhões de moradias em 2019 pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). A Ambar transfere as atividades do canteiro de obras para sua fábrica, produzindo paredes e componentes elétricos, hidráulicos e de saneamento. Essas peças são enviadas aos canteiros em kits de montagem, semelhante aos blocos de Lego, evitando desperdícios de materiais e mão de obra ociosa.
Outra startup brasileira, a Brasil Ao Cubo, também atua na moradia modular, mas foca em construções comerciais. A empresa domina desde o projeto até a entrega das chaves, produzindo em ambiente industrial os sistemas elétricos e hidráulicos necessários, que são depois acoplados no espaço onde surgirá a propriedade.
A pandemia de Covid-19 destacou a importância da moradia modular, com projetos sendo concluídos em um curto espaço de tempo, como os centros de tratamento construídos pela Brasil ao Cubo. A demanda por soluções ágeis e tecnológicas no mercado imobiliário vem crescendo, refletindo-se no aumento dos investimentos e no interesse de grandes empresas, como a Gerdau, que investiu na Brasil Ao Cubo.
A ideia da moradia modular está sendo estendida até mesmo para o mercado de locação, com a construtora e incorporadora Vitacon lançando o Pixel Life, um projeto de aluguel modular em São Paulo. A flexibilidade nos layouts é um atrativo para os consumidores, que buscam soluções adaptáveis às suas necessidades futuras.
O futuro da moradia modular promete crescimento, especialmente nos Estados Unidos, Europa e Ásia, mas também na África e América Latina. No Brasil, apesar dos desafios como a regulação e a mão de obra barata, o mercado está amadurecendo, e soluções inovadoras estão sendo desenvolvidas para enfrentar os obstáculos e atender às demand
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