Desafios Contábeis de Incorporadoras e Construtoras!

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Desafios Contábeis de Incorporadoras e Construtoras!

Como superá-los e otimizar a gestão financeira no setor imobiliário.

 

Introdução

 

O setor imobiliário no Brasil é um dos mais dinâmicos e desafiadores, sendo fortemente influenciado por fatores econômicos, sociais e legais. As incorporadoras e construtoras desempenham papéis essenciais nesse mercado, mas enfrentam desafios contábeis únicos, que podem impactar diretamente sua sustentabilidade financeira e sucesso a longo prazo. Entre as principais dificuldades, destacam-se questões como a gestão de custos, o compliance com regulamentações tributárias, o planejamento de caixa e a contabilidade de longo prazo, que exige uma visão estratégica apurada. No contexto de grandes empreendimentos, como condomínios ou complexos comerciais, a complexidade da contabilidade aumenta, exigindo das empresas uma estrutura organizacional robusta e um corpo técnico especializado.

 

Gestão de Custos e Orçamento em Longo Prazo

 

A gestão de custos é um dos maiores desafios para incorporadoras e construtoras. Dada a natureza de longo prazo dos projetos imobiliários, que podem durar anos entre o início da obra e a entrega das unidades, o controle financeiro deve ser meticuloso. Pequenos erros na estimativa de custos podem causar grandes desvios no orçamento final, afetando a lucratividade do projeto. Incorporadoras de médio porte, por exemplo, podem enfrentar problemas sérios caso não consigam precificar corretamente materiais de construção ou não prevejam variações nos custos trabalhistas. Além disso, construtoras que atuam em mercados voláteis, onde o preço dos insumos pode variar rapidamente, devem implementar mecanismos de proteção, como contratos de compra antecipada ou hedge financeiro.

Outro aspecto relevante é a complexidade de mensurar custos indiretos, como o impacto da paralisação de obras ou o aumento de custos administrativos ao longo do tempo. Para empresas que realizam obras simultâneas em diferentes locais, a alocação correta dos custos entre os empreendimentos se torna ainda mais desafiadora. Empresas de grande porte frequentemente utilizam sistemas de controle automatizado, como ERP (Enterprise Resource Planning), que ajudam a detalhar cada aspecto financeiro dos projetos. Em contrapartida, pequenas empresas, sem o suporte de tecnologia avançada, acabam por depender de processos manuais, o que aumenta o risco de erros contábeis e de gestão.

Adicionalmente, incorporadoras devem lidar com a projeção de fluxo de caixa em longo prazo. A imprevisibilidade do mercado imobiliário pode influenciar diretamente na receita futura, especialmente se houver atrasos na venda das unidades ou dificuldades econômicas que afetem o poder de compra dos clientes. Incorporadoras que não têm um plano robusto de fluxo de caixa, incorporando cenários pessimistas, podem acabar com problemas de liquidez, prejudicando a continuidade dos projetos. Exemplo disso é o impacto da recessão de 2015 no Brasil, que deixou muitas incorporadoras à beira da falência por não terem planejado corretamente seu fluxo de caixa.

Outro ponto a ser considerado é a alocação correta de recursos financeiros. Incorporadoras frequentemente captam grandes somas de dinheiro no mercado para financiar seus projetos, mas o uso incorreto desses recursos pode gerar desequilíbrios financeiros. Incorporadoras que investem mais do que o necessário em terrenos, por exemplo, podem comprometer sua capacidade de financiar outras etapas da obra. Por isso, a gestão orçamentária precisa ser precisa e baseada em cenários realistas e bem fundamentados.

Por fim, o desafio de prever custos de manutenção e correções após a entrega dos empreendimentos é uma constante para construtoras. Muitos contratos preveem responsabilidades futuras das empresas, o que cria a necessidade de provisionamento financeiro. Incorporadoras que não preveem esses custos em suas projeções podem ter problemas contábeis quando forem obrigadas a arcar com despesas não planejadas. Empresas que não implementam uma política rígida de provisionamento, como os casos de grandes construtoras envolvidas em escândalos contábeis na década de 2000, são exemplos claros dos riscos envolvidos.

 

Compliance Tributário e Obrigações Legais

 

O Brasil possui um dos sistemas tributários mais complexos do mundo, e as incorporadoras e construtoras não estão imunes a esses desafios. A carga tributária elevada e a multiplicidade de impostos, que variam entre esferas federais, estaduais e municipais, tornam o planejamento fiscal um verdadeiro quebra-cabeça. Construtoras que operam em mais de um estado, por exemplo, precisam se adequar a diferentes legislações tributárias, como o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e o ISS (Imposto Sobre Serviços), o que aumenta a complexidade da contabilidade. Além disso, a correta classificação de insumos pode influenciar diretamente na alíquota de impostos a serem pagos, o que exige conhecimento técnico especializado.

Outro aspecto desafiador é o cumprimento de obrigações acessórias, como a entrega de declarações fiscais, o preenchimento de guias de recolhimento e a realização de auditorias. Incorporadoras de grande porte geralmente contam com equipes jurídicas e contábeis robustas para garantir que todas as obrigações fiscais estejam em dia, mas empresas menores podem enfrentar dificuldades para acompanhar as constantes mudanças na legislação. Um exemplo clássico é a Lei Geral do Simples Nacional, que oferece vantagens tributárias para micro e pequenas empresas, mas cujo não cumprimento rigoroso pode gerar multas elevadas.

Ademais, a complexidade do cálculo de tributos em obras imobiliárias pode variar conforme o regime de tributação escolhido pela empresa. Empresas que optam pelo regime de lucro presumido, por exemplo, têm uma base de cálculo simplificada, mas podem acabar pagando mais tributos do que aquelas que adotam o lucro real, especialmente se não houver um acompanhamento detalhado das receitas e despesas. Incorporadoras que constroem grandes empreendimentos, como shopping centers ou torres comerciais, costumam optar pelo lucro real, o que exige um controle contábil mais rigoroso, porém, garante uma tributação mais justa de acordo com os resultados financeiros efetivamente obtidos.

Além disso, a crescente digitalização do Fisco, com o aumento das fiscalizações eletrônicas, tem pressionado incorporadoras e construtoras a aprimorar seus processos internos de compliance. A adoção de sistemas eletrônicos, como o SPED (Sistema Público de Escrituração Digital), permite ao governo um controle mais rigoroso sobre as movimentações fiscais das empresas, aumentando a chance de autuações em caso de inconsistências. Empresas que ainda não se adequaram a essa nova realidade digital, como muitas pequenas incorporadoras que operam em regiões metropolitanas, podem enfrentar problemas com multas e sanções fiscais.

A tributação sobre a venda de imóveis também é um ponto de atenção para incorporadoras. A Receita Federal exige o recolhimento do PIS/Cofins sobre a receita bruta da venda de unidades imobiliárias, o que pode comprometer a margem de lucro das empresas, especialmente em empreendimentos de médio e alto padrão. Incorporadoras que não fazem um planejamento tributário adequado podem enfrentar perdas significativas, como aconteceu com muitas empresas durante o boom imobiliário da década de 2010, quando o lucro de várias delas foi impactado por surpresas fiscais.

Por fim, o tratamento contábil de subsídios governamentais, como os oferecidos pelo programa Minha Casa Minha Vida, também demanda atenção especial. Empresas que atuam na construção de habitações populares precisam estar atentas ao enquadramento fiscal desses incentivos, sob risco de perder benefícios tributários ou ser autuadas por erros de interpretação da legislação vigente. Incorporadoras que dominam essas regras conseguem maximizar seus ganhos e evitar problemas futuros com o Fisco.

 

Planejamento de Fluxo de Caixa e Captação de Recursos

 

A gestão eficiente do fluxo de caixa é essencial para a saúde financeira de qualquer incorporadora ou construtora. A natureza de longo prazo dos projetos imobiliários, que podem durar anos entre a aquisição do terreno e a entrega final do empreendimento, exige um controle detalhado das entradas e saídas financeiras ao longo do tempo. Incorporadoras que trabalham com grandes projetos, como complexos de prédios residenciais ou comerciais, precisam antecipar as diferentes fases de financiamento, desde a compra do terreno, passando pela fase de obras, até a entrega das unidades. Um exemplo comum é o financiamento da construção por meio de créditos imobiliários, onde os recursos captados devem ser usados de forma planejada para evitar desequilíbrios financeiros.

Além disso, a imprevisibilidade de receitas pode representar um grande desafio. Incorporadoras dependem da venda de unidades para gerar fluxo de caixa, mas fatores externos, como crises econômicas ou variações no mercado imobiliário, podem atrasar essas vendas, criando gaps de liquidez. Um exemplo foi a crise de 2008, quando diversas construtoras enfrentaram dificuldades financeiras devido à queda brusca na demanda por imóveis. Empresas que não tinham um plano de contingência para lidar com esse tipo de cenário acabaram em situação delicada, como a falência de algumas construtoras de grande porte na época.

A captação de recursos também é um fator crítico no setor imobiliário. Incorporadoras que atuam em projetos de grande porte frequentemente precisam de financiamento externo para dar continuidade às obras. No entanto, a escolha da melhor modalidade de captação é uma decisão estratégica. Empréstimos bancários, por exemplo, costumam ter custos elevados e prazos rígidos de pagamento, o que pode comprometer a saúde financeira de empresas que não conseguem alinhar suas receitas com as obrigações financeiras. Por outro lado, a emissão de debêntures ou a formação de fundos imobiliários pode ser uma alternativa mais vantajosa, especialmente em momentos de baixa nas taxas de juros.

Outro aspecto relevante é a gestão de capital de giro. Incorporadoras precisam manter um equilíbrio entre as necessidades de curto prazo, como o pagamento de fornecedores e funcionários, e as receitas futuras provenientes da venda das unidades. Incorporadoras que subestimam a necessidade de capital de giro podem enfrentar dificuldades durante a fase de construção, atrasando obras ou até mesmo interrompendo os projetos. Empresas que planejam mal o capital de giro acabam buscando soluções de última hora, como financiamentos de emergência, que geralmente têm juros elevados e podem comprometer ainda mais a rentabilidade do empreendimento.

Em contrapartida, incorporadoras que conseguem planejar adequadamente seu fluxo de caixa podem se beneficiar de oportunidades de investimento. Durante a crise de 2020, por exemplo, algumas construtoras que tinham uma reserva de capital conseguiram adquirir terrenos a preços reduzidos, o que lhes garantiu uma vantagem competitiva no período de recuperação econômica. Esse tipo de estratégia só é possível para empresas que mantêm uma gestão financeira robusta e conseguem projetar cenários a longo prazo.

Finalmente, o uso de ferramentas de tecnologia, como softwares de gestão financeira e ERPs, tem se mostrado essencial para o planejamento de fluxo de caixa em grandes incorporadoras. Empresas que adotam soluções automatizadas conseguem monitorar suas entradas e saídas em tempo real, permitindo ajustes rápidos e precisos em seus planos financeiros. Um exemplo são grandes construtoras que utilizam ERPs integrados com o sistema bancário, permitindo uma visão clara de suas obrigações e receitas, o que reduz o risco de surpresas financeiras e melhora a previsibilidade do fluxo de caixa.

 

Reconhecimento de Receita em Projetos de Longo Prazo

 

O reconhecimento de receita em projetos imobiliários de longo prazo é uma questão contábil desafiadora para incorporadoras e construtoras. Ao contrário de outras indústrias, onde a receita pode ser contabilizada no momento da venda de um produto ou serviço, o setor imobiliário lida com prazos estendidos, o que exige metodologias específicas de contabilização. Uma das principais normas aplicáveis é o CPC 47 (IFRS 15), que estabelece critérios para o reconhecimento de receita de contratos de construção. Incorporadoras que constroem grandes empreendimentos, como shopping centers ou edifícios corporativos, precisam seguir uma abordagem de reconhecimento gradual da receita, com base no percentual de conclusão da obra.

Por exemplo, ao adotar o método de percentagem completada, a receita é reconhecida conforme o progresso da obra, o que exige um acompanhamento detalhado do estágio de construção. Empresas que não têm um controle preciso das etapas do projeto podem enfrentar distorções em seus demonstrativos financeiros, reconhecendo receita em um momento inadequado ou subestimando seus lucros futuros. Um exemplo claro desse problema ocorreu em incorporadoras durante a crise de 2015, quando muitas empresas que não adotavam um controle rígido tiveram que revisar suas demonstrações contábeis, evidenciando perdas antes ocultas.

Adicionalmente, o momento de reconhecimento da receita varia conforme o tipo de venda realizada. No caso de imóveis financiados, a receita pode ser reconhecida conforme as parcelas são recebidas, criando um fluxo constante ao longo do tempo. No entanto, quando o imóvel é vendido à vista, a totalidade da receita pode ser contabilizada de uma vez, impactando significativamente os balanços. Incorporadoras que têm uma maior dependência de vendas financiadas precisam gerenciar com cautela a discrepância entre o reconhecimento de receita e a entrada efetiva de caixa. Um exemplo disso são as incorporadoras voltadas ao programa Minha Casa Minha Vida, onde a maior parte dos imóveis é adquirida por meio de financiamento, diluindo o reconhecimento da receita no longo prazo.

Outro ponto relevante é o tratamento contábil de distratos, quando o comprador desiste do imóvel e o contrato de venda é cancelado. Nesse caso, a receita previamente reconhecida deve ser estornada, o que pode gerar impactos negativos nos resultados financeiros de uma incorporadora. Em períodos de instabilidade econômica, como o observado em 2020, o número de distratos aumentou significativamente, forçando as incorporadoras a reverem suas estratégias de reconhecimento de receita e provisionamento de perdas. Incorporadoras que trabalham com uma base de clientes de renda média e alta, por exemplo, tendem a ter uma taxa menor de distratos, enquanto aquelas voltadas ao segmento popular sofrem mais com essas ocorrências.

Além disso, o tratamento contábil de recebíveis também é um desafio, já que muitas incorporadoras vendem unidades com pagamento parcelado ou financiado diretamente. Essas receitas futuras devem ser registradas de forma adequada, respeitando o princípio da prudência contábil. Incorporadoras que superestimam o valor desses recebíveis, sem considerar inadimplências ou renegociações, podem inflar seus balanços financeiros, criando uma falsa percepção de liquidez e saúde financeira. Um exemplo prático são as empresas que enfrentaram dificuldades no início da década de 2010, quando houve um aumento significativo na inadimplência de compradores de imóveis financiados.

Por fim, é crucial que as incorporadoras e construtoras adotem políticas claras e consistentes de reconhecimento de receita, garantindo conformidade com as normas contábeis internacionais e minimizando os riscos de autuações fiscais. Empresas que não se adaptam corretamente às mudanças nas regulamentações podem sofrer penalidades severas e ter sua credibilidade questionada no mercado. A adoção de auditorias periódicas e o investimento em equipes contábeis bem treinadas são fundamentais para garantir a precisão no reconhecimento da receita, especialmente em projetos de grande porte e longa duração.

 

Gestão de Contratos e Relacionamento com Fornecedores

 

Outro desafio contábil significativo para incorporadoras e construtoras no setor imobiliário é a gestão de contratos com fornecedores e prestadores de serviço. Projetos imobiliários envolvem uma cadeia complexa de suprimentos e serviços, desde a aquisição de materiais de construção até a contratação de mão de obra especializada, como arquitetos e engenheiros. A má gestão desses contratos pode gerar não apenas problemas operacionais, como também impactos contábeis graves, especialmente no que se refere ao controle de custos e à previsão de caixa.

O primeiro ponto de atenção é o gerenciamento de contratos de fornecimento de materiais, que muitas vezes incluem cláusulas de variação de preço conforme as oscilações do mercado. Incorporadoras que não possuem um controle rigoroso sobre esses contratos podem ser pegas de surpresa por aumentos repentinos no custo de insumos, como cimento ou aço, que impactam diretamente a lucratividade do empreendimento. Um exemplo disso ocorreu em 2021, quando o preço do aço disparou, afetando construtoras que não tinham contratos de fornecimento de longo prazo com preços travados. Essas empresas foram obrigadas a renegociar contratos em andamento ou, em casos mais graves, absorver os prejuízos.

Além disso, o gerenciamento de contratos de prestação de serviços, como os relacionados à mão de obra, é igualmente complexo. Incorporadoras que dependem de grandes equipes terceirizadas, como pedreiros, eletricistas e pintores, precisam garantir que os pagamentos estejam devidamente registrados e que os encargos trabalhistas sejam calculados corretamente. Falhas no controle desses contratos podem gerar passivos trabalhistas futuros, como o não pagamento de direitos, que eventualmente resultam em ações judiciais. Empresas que não têm uma política clara de gestão de contratos de trabalho frequentemente enfrentam ações na Justiça do Trabalho, o que pode criar passivos ocultos significativos. Um exemplo recente são as grandes construtoras que tiveram de arcar com milhões em indenizações devido à terceirização irregular de serviços.

Outro ponto crítico é a questão dos aditivos contratuais. Em obras de longa duração, é comum que surjam necessidades de ajustes no escopo dos serviços ou nos prazos de entrega, resultando em aditivos contratuais que alteram os valores inicialmente pactuados. Incorporadoras que não gerenciam bem esses aditivos podem perder o controle dos custos, e, consequentemente, seu orçamento se torna inviável. Um exemplo comum é o aumento de escopo em obras de infraestrutura, onde o orçamento inicial precisa ser revisto várias vezes ao longo do projeto, como ocorreu com várias obras públicas no Brasil.

Além disso, a falta de controle sobre a formalização de contratos pode gerar problemas fiscais e contábeis. Incorporadoras que não registram corretamente os contratos com fornecedores podem acabar enfrentando problemas para justificar suas despesas diante do Fisco. O não registro adequado pode gerar inconsistências nas demonstrações financeiras, comprometendo o planejamento tributário da empresa. Um exemplo típico é o de pequenas construtoras que atuam informalmente e, ao tentar regularizar sua situação, enfrentam dificuldades para justificar despesas anteriores, resultando em multas e autuações fiscais.

A integração de sistemas de gestão de contratos com a contabilidade da empresa é uma solução cada vez mais adotada por grandes incorporadoras. Esses sistemas permitem o acompanhamento em tempo real das obrigações contratuais e facilitam a análise de impacto dos aditivos no orçamento geral do projeto. Empresas que adotam essas soluções conseguem ajustar rapidamente seus demonstrativos financeiros conforme surgem alterações nos contratos, evitando surpresas ao final do projeto. Um exemplo bem-sucedido é o uso de ERPs integrados por grandes incorporadoras, que garantem maior controle sobre contratos e sua execução financeira.

Por fim, a relação com fornecedores deve ser gerida com uma visão de longo prazo. Incorporadoras que cultivam relacionamentos sólidos com fornecedores de confiança conseguem melhores condições de pagamento e maior flexibilidade para renegociações. Em tempos de crise, como a enfrentada durante a pandemia de COVID-19, essas relações podem ser cruciais para a manutenção do fluxo de caixa e para a continuidade das obras.

 

Controle Patrimonial e Valorização de Ativos

 

O controle patrimonial é outro ponto-chave para o sucesso contábil de incorporadoras e construtoras, pois envolve o correto registro e valorização dos ativos de longo prazo da empresa, como terrenos, obras em andamento e imóveis concluídos. A má gestão desses ativos pode impactar diretamente o valor de mercado da empresa e seu desempenho financeiro, tornando-se um desafio crucial no setor imobiliário.

Um dos primeiros desafios no controle patrimonial é o correto registro dos terrenos adquiridos para futuros empreendimentos. Terrenos são um dos principais ativos de uma incorporadora, e sua valorização ao longo do tempo pode impactar significativamente o balanço patrimonial. Incorporadoras que compram terrenos em áreas promissoras conseguem, em muitos casos, aumentar o valor contábil de seus ativos ao longo dos anos, o que melhora a sua percepção no mercado.

Além disso, a correta contabilização de obras em andamento é outro aspecto crucial. Enquanto o projeto está em execução, os custos são capitalizados, ou seja, registrados como ativos no balanço patrimonial. O problema surge quando esses custos não são adequadamente segregados e gerenciados, o que pode levar a distorções no valor real dos ativos. Incorporadoras que constroem vários empreendimentos simultaneamente, como edifícios residenciais e comerciais, precisam de um sistema robusto de controle para garantir que cada projeto seja corretamente registrado.

Outro ponto crítico no controle patrimonial é o tratamento contábil da depreciação de ativos. Embora a depreciação de imóveis seja mais lenta do que em outros setores, ela ainda precisa ser considerada nas demonstrações financeiras. Incorporadoras que não aplicam corretamente as taxas de depreciação podem inflar o valor de seus ativos e, consequentemente, distorcer seus resultados. Empresas que possuem grandes estoques de imóveis prontos, mas não vendidos, precisam ser ainda mais cautelosas, pois a depreciação desses ativos impacta diretamente seu balanço e as chances de captar recursos no mercado.

A valorização dos ativos imobiliários também precisa ser considerada nas estratégias contábeis. Incorporadoras que realizam projetos em áreas de valorização imobiliária podem ajustar seus balanços patrimoniais para refletir o aumento no valor de mercado dos imóveis, o que melhora sua posição financeira perante investidores e bancos. 

Por fim, o controle patrimonial inclui a gestão dos ativos intangíveis, como as marcas e patentes das incorporadoras, que podem ter um impacto substancial no valor de mercado da empresa. Incorporadoras que conseguem desenvolver uma marca forte e reconhecida no mercado imobiliário podem contabilizar esses ativos intangíveis como parte de seu balanço, aumentando o valor da empresa.

Conclusão

 

A gestão contábil de incorporadoras e construtoras é repleta de desafios técnicos e operacionais, exigindo conhecimento especializado e ferramentas adequadas para lidar com questões como o reconhecimento de receita, o controle patrimonial e o planejamento tributário. As empresas que investem em uma estrutura contábil sólida, com profissionais capacitados e sistemas de gestão integrados, tendem a ter maior sucesso no mercado, evitando surpresas fiscais e financeiras. Por outro lado, aquelas que não dão a devida atenção a essas questões podem enfrentar problemas graves, que afetam diretamente sua sustentabilidade no setor imobiliário.

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Colunista

Luiz Carlos Da Silva Oliveira

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